quinta-feira, 30 de março de 2017

É preciso pensar no futuro, mas viva no presente.


Estamos diante de uma grande revolução nas equipes de vendas, nas empresas de varejo e prestação de serviços, principalmente no que diz respeito ao planejamento. Planejar tornou-se tão fundamental quanto fechar uma negociação com o cliente. Com isso, lideranças comerciais incorporaram aos seus cargos essa responsabilidade estratégica, que possibilita a elaboração de futuros cenários mercadológicos, com novos objetivos de vendas, de Market Share, de produtos e assim por diante.

Prof. Wagner Rodrigo Weber.

Tudo isso está muito correto, pois planejar visa a continuidade e o desenvolvimento das empresas no mundo corporativo. E planejamento, sem dúvida alguma, é fundamental a qualquer equipe de vendas, pois é através dele que se permite alcançar os objetivos da empresa. Mas, tem gente que insiste em não acreditar nisso.

O absurdo mesmo é ver empresas pensando muito bem no seu futuro e esquecendo de atuar no presente, ou seja, estão com a cabeça nas estrelas, e os pés também. Com isso, surge uma grande oportunidade na área científica: descobrir a fórmula mágica que estas empresas utilizam para querer aumentar seu Market Share, receita de vendas e outras metas fabulosas, porém sem descobrir a razão pela qual existem no mundo corporativo.

As empresas existem porque há clientes que consomem seus produtos e serviços. Isto parece realmente óbvio. Porém, diariamente assistimos ao descaso e à incompetência com que elas se reportam à razão de sua existência. O atendimento é péssimo, não são capazes de administrar reclamações. Qualidade é mais uma perfumaria do pessoal do RH, que adora se intrometer onde não deve. O mais sensacional mesmo é quando a área de vendas julga-se como a parte mais importante da empresa, considerando as demais áreas como um “peso morto”, apregoando sua pretensa autossuficiência. Pós-venda, então, é para quem tem tempo e gosta de ser “puxa-saco” do cliente. Vamos vender, vender e vender, seja lá o que for e para quem for, o que importa é o pedido assinado, e coitado daquele vendedor que não estiver motivado, afinal a motivação é intrínseca e consequentemente não é problema da empresa.

O ser humano é resultado de evolução e adaptação em seu meio e, considerando que o cliente é um ser humano e que também está presente nesta teia evolutiva, as equipes de vendas também devem evoluir se não quiserem ficar para trás. Sinceramente, já foi a época de premiar profissionais de vendas somente pelos resultados em vendas, atualmente as empresas deveriam premiar aqueles que possuem o maior número de clientes satisfeitos. Certamente os resultados seriam ainda melhores.  Porém, sabemos que isso está longe de acontecer, pois requer competência e disposição à mudança, o que em muitas empresas está em extinção há muito tempo.

Será que uma empresa, com este perfil, consegue realmente cumprir com o seu planejamento estratégico?

Este cenário pode e deve ser revertido, mas é preciso mudar a forma de pensar e agir nas empresas, principalmente nas equipes de vendas. Mudar requer muito esforço e, na maioria das vezes, muitos param no meio do caminho. Mas há também aqueles que são capazes de admitir suas falhas e a cada dia buscam a satisfação de seus clientes. Temos certeza de que serão grandes vencedores. Entretanto, para isso precisam desenvolver o equilíbrio entre pensar e agir, o que lhes possibilitará pensar no futuro e viver no presente.

Prof. Wagner Rodrigo Weber

Administrador, Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, Mestre em Organizações e Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade. Professor e Coordenador do Curso de Administração do Unicuritiba. 
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quarta-feira, 29 de março de 2017

Jogo de Empresas

No último dia 14, os alunos do 8º período do curso de Administração iniciaram uma nova e instigante jornada: tiveram a primeira rodada de tomada de decisão na disciplina de Jogo de Empresas.

A grande novidade nesse semestre é que o UNICURITIBA, fazendo jus à sua missão de “Educar para formar pessoas capacitadas e comprometidas com o desenvolvimento social”, investiu na aquisição de um novo simulador empresarial, o Simulare (que destacadamente é um dos melhores e mais completos simuladores disponíveis no mercado educacional brasileiro).

Ao longo do semestre os alunos vivenciarão o cotidiano empresarial de uma indústria, mais especificamente uma fábrica de skates. E nessa vivência “experimental” muitas coisas acontecerão ao mesmo tempo, pois cada equipe/empresa precisará providenciar todos os recursos necessários para o pleno funcionamento das suas fábricas, como: máquinas, equipamentos, mercadorias, matérias-primas, pessoas, dinheiro, crédito, clientes… Além disso, tudo isso irá acontecer em um mercado totalmente competitivo e com clientes extremamente exigentes.

Os alunos precisarão planejar, analisar oportunidades e ameaças, traçar estratégias e tomar decisões em clima de incerteza de risco. E tudo isso com uma ter atitude proativa e com ações bem coordenadas, procurando sempre estar ligados com os sinais que irão surgir no decorrer do jogo, diante de inúmeras alternativas.

Para o professor da disciplina de Jogo de Empresas do UNICURITIBA, Samir Bazzi, a utilização da simulação empresarial proposta pelo Simulare, irá estimular a participação mais ativa dos alunos, pois eles irão desempenhar um papel diferente do dia-a-dia das aulas do curso, já que precisarão tomar decisões e vislumbrar os seus impactos na resposta dos outros jogadores e no resultado da simulação.A simulação irá permitir que os alunos sintam na pele a aplicação das decisões em uma empresa real. Além do que, com certeza, será uma nova experiência acadêmica para todos, já que as aulas serão muito diferentes das aulas tradicionais”.

Aguardem novas novidades da disciplina de Jogo de Empresas!



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quinta-feira, 23 de março de 2017

Nossa crise não é política nem econômica…é de gestão!

Prof. Luis Fumagalli.
Há tempos que o assunto dominante tem sido a crise pela qual o país se arrasta, sem alguma perspectiva que devolva a esperança para empresas e para as pessoas que delas dependem direta e indiretamente. A culpa, invariavelmente, recai sobre a economia e sobre o Governo (em todas as esferas), não necessariamente nesta ordem, já que é impossível dissociá-los não apenas pelo sistema de Governo, mas também desde o momento em que o Executivo, em especial, resolveu intervir e tentar controlar errônea e artificialmente princípios econômicos básicos que deveriam ser de domínio dos tomadores de decisão.

A culpa é do Governo! Bradam muitos. Mas a realidade nua e crua reside no fato de que a Administração, quer como profissão, quer como ciência, tem sido negligenciada historicamente no Brasil desde o seu descobrimento. O país formou, ao longo dos séculos, contingentes de advogados, médicos e engenheiros, então chamados de “doutores” em Portugal e aqui, por consequência. E durante todo este tempo acreditou-se que os dois últimos, em especial, seriam capazes de administrar instituições públicas e privadas de modo eficiente. Nada mais lógico, já que a Administração ainda é muito recente se comparada às demais ciências, isto quando é aceita como ciência pelos mais conservadores. É importante afirmar ao leitor, contudo, que não há alguma intenção em culpar estas nobres profissões pelo estado atual da nação e seria leviana qualquer tentativa em fazê-lo. Mas Administração é para o Administrador!

Segundo números do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Conselho Federal de Administração, há menos de um Administrador para cada 4 mil habitantes, enquanto nos EUA, por exemplo, têm-se um para cada mil. Além do número de Administradores formados ser insuficiente, há que se contestar ainda a qualidade da formação dos muitos dos 700 mil formados por aí. São muitas as instituições distribuidoras de diplomas, faculdades shopping-centers e outras cuja preocupação reside exclusivamente em obter o maior número de alunos atraídos por mensalidades de baixo custo. Associe-se a isso o fato ainda corriqueiro de alunos e até de professores que julgam que o curso de Administração é para quem não sabe o que quer e/ou que serve para qualquer coisa, já que o importante é o diploma superior.

O resultado aí está, e não é apenas no Governo. Tudo é sub administrado, como aliás já pontuava sabiamente o papa maior da Administração, Peter Drucker, em todo e qualquer tipo de organização brazuca, inclusive, em muitas das próprias escolas de negócios que deveriam estar se dedicando à formação de profissionais verdadeiramente capacitados e capazes de conduzir pessoas e organizações na construção de uma sociedade equilibrada e próspera, princípios estes que fazem parte do juramento do Administrador. A mortalidade precoce de cerca de 90% dos novos empreendimentos, um ou dois anos após a sua abertura, não é culpa de fatores exógenos ou da falta de sorte como muitos preferem crer. É a comprovação não apenas da falta de Administradores, mas de Administradores bons, para não dizer excelentes.


A educação precisa ser levada a sério, desde a tenra idade, não deveria pairar dúvidas sobre isso. Mas convencionou-se acreditar que ser empreendedor é um dom divino que independe de formação, que empresários são entes detentores de recursos financeiros ilimitados ou ainda que basta ter fé para que a providência divina opere seus milagres. Administração, para ser praticada em alto nível, depende de formação de excelência, em escolas e cursos tão bem preparados como os melhores centros formadores de Advogados, Médicos e Engenheiros. Só assim o Brasil deixará de ser o país do jeitinho, da gambiarra, da gaiatice e da corrupção, porque estará guiado por profissionais e não por incompetentes, paspalhos e farsantes.

Luis André Fumagalli é Doutor e Mestre em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Bacharel em Administração pela mesma instituição. Técnico em Eletrotécnica pelo CEFET-PR. Professor do Unicuritiba. 
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quinta-feira, 16 de março de 2017

Deprecia, não deprecia...e agora?



Prof. Samir Bazzi.
Certa vez, em sala de aula, fui resolver um exercício sobre uma proposta de investimento onde solicitava-se o valor do lucro líquido da empresa, os fluxos de caixa relacionados com o investimento proposto e a análise da viabilidade do projeto tomando como base o valor presente líquido. Durante a resolução do exercício algumas questões foram levantadas pelos alunos, a principal dúvida que foi discutida foi em relação à depreciação, que na DRE é levada em consideração diminuindo a base de cálculo do imposto de renda, e que no fluxo de caixa do projeto de investimento ela tem que ser desconsiderada em relação ao mesmo percentual do imposto de renda.

Primeiramente, é preciso que tenhamos sempre em mente que, o fluxo de caixa de um projeto de investimento permite que as decisões de financiamento não exerçam influência direta sobre os resultados do caixa do projeto. Dessa forma, quando estudamos uma proposta de investimento devemos avaliar algumas decisões, principalmente as financeiras, de uma forma separada (principalmente quando tratamos de depreciação, amortização e exaustão).

Mas porque isso acontece? Bom, vamos nos concentrar somente na depreciação, que foi o grande motivo das dúvidas levantadas pelos alunos.

Quando se avalia uma proposta de investimento, a depreciação deve, obrigatoriamente, ser considerada como uma despesa não desembolsável, o que significa que ela não será considerada para o cálculo do fluxo de caixa do projeto, já que essa despesa não representa uma saída efetiva de caixa (lembrem-se dos conceitos básicos e das diferenças entre a apuração do regime de competência e do regime de caixa). Na verdade, a depreciação não representa um comprometimento de caixa da empresa, e isso é irrelevante para o dimensionamento dos benefícios econômicos que possam ser gerados em um projeto de investimento. Mas não podemos esquecer que a depreciação é uma despesa de verdade, contabilmente falando, mas que não representa nenhum impacto no fluxo de caixa da empresa. E quando analisamos a depreciação em uma proposta de investimento, ela deve ser vista como se fosse um custo do investimento, alocando-o ao longo vida útil do projeto.

Podemos concluir então que, as despesas não desembolsáveis não afetam diretamente o fluxo de caixa de um estudo de viabilidade. Isso se deve principalmente ao fato de que o imposto de renda no fluxo de caixa do projeto (relembrando: quando apurado pelo regime de caixa) tem que tratar somente os desembolsos de caixa efetivos, processando todas as deduções de despesas necessárias para a análise. Assim, a depreciação irá afetar resultado do fluxo de caixa do projeto, pois a mesma deverá ser deduzida, o que irá proporcionar um valor diferente do imposto de renda a pagar.

Outra questão importante que devemos levar em consideração é que, do ponto de vista econômico, que é a visão utilizada para a análise de projetos, a depreciação é ponderada como uma fonte direta de recursos operacionais da empresa. Isso quer dizer que a depreciação trata do volume de capital do projeto, sem levar em consideração o destino específico dos recursos monetários envolvidos, permitindo à empresa utilizar o saldo do fluxo de caixa de acordo com os seus critérios de administração financeira. Assim, a depreciação produz sobre os tributos um impacto direto, logo, afeta o resultado dos projetos de investimento.

Um terceiro fator que devemos considerar é a influência direta do imposto de renda no fluxo de caixa do projeto, pois o que interessa para a análise da viabilidade é o fluxo de caixa líquido, apurado após todas as considerações tributárias pertinentes. Isso nos remete a uma questão um tanto contraditória: projetos podem ser considerados como viáveis antes do imposto de renda, mas podem ser inviáveis após a aplicação da carga tributária sobre o lucro no fluxo de caixa. Essa dicotomia acontece por que o imposto de renda incide diretamente sobre o lucro tributável da empresa, que é influenciado pelos métodos contábeis em relação a depreciação. Por esse motivo é que a legislação tributária brasileira permite que as empresas deduzam do lucro a depreciação para fins do cálculo do imposto de renda no fluxo de caixa do projeto.

Resumindo, a depreciação é vista no fluxo de caixa de uma proposta de investimento em dois momentos distintos: (1) ela é acrescentada aos custos fixos do projeto, suportando os efeitos fiscais relativos à dedução da despesa de depreciação em relação ao imposto de renda; (2) ela é acrescida ao resultado líquido do projeto, com o objetivo de se apurar o caixa real que será gerado, já que a depreciação não sai do caixa. Dessa forma, a depreciação é, indiretamente, incluída como um benefício fiscal na apuração do imposto de renda do projeto de investimento.


Prof. Samir Bazzi
Graduado em Administração, MBA Executivo em Direito Tributário e membro do programa de pós-graduação stricto senso em Administração, na Universidad de La Empresa em Montevidéu. Sócio da Izzab Assessoria Empresarial. Professor do Unicuritiba.
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quinta-feira, 2 de março de 2017

Heineken, Kirin e Schincariol: o que há de comum entre essas marcas além da cerveja?


Professora Mônica de Faria
Mascarenhas e Lemos

A empresa Heineken, holandesa, iniciou suas atividades na produção de cerveja em 1873 pelas mãos do empreendedor Gerard Heineken.  Atualmente a família Heineken continua presente como uma das principais acionistas da empresa, influenciando-a em importantes decisões estratégicas.

Fundada no Japão em 1907, atualmente a Kirin Company faz parte de um conglomerado maior estabelecido como uma holding, atuando em diversos segmentos, além do da cerveja.  Na época da sua constituição, um dos principais investidores foi a família Mitsubishi, a qual mantém até os dias de hoje importante participação acionária na Kirin Company, consolidando a prática japonesa de coalizão quando empresas são unidas por determinados interesses econômicos (keiretsu) - quiçá, neste caso, por interesse particular/familiar. A família Mitsubishi começou a erguer seu império em 1873 no momento em que seu fundador, Yataro Iwasaki, passou a prestar serviços de transporte marítimo utilizando inicialmente três embarcações.

Heineken, Kirin Company e Mitsubishi são mais do que centenárias. Além dos habituais desafios de enfrentamento de concorrência, de flutuações de mercado e da economia, elas também se submeteram a situações extraordinárias como os reflexos de guerras e de grandes desastres naturais que devastaram cidades inteiras.


A brasileira Schincariol, a mais jovem das três organizações, foi fundada em 1939. Contudo, somente em 1989 expandiu seus negócios para o mundo da cerveja. Em 2011, a Kirin Company comprou a Schincariol, criando a Brasil Kirin. Inicialmente, realizou a aquisição do controle acionário que era comandado por uma parte da família Schincariol. Naquele ponto dos acontecimentos, os integrantes da família Schin travavam batalhas em nome de seus interesses divergentes e conflitantes.  Três meses depois, ainda no ano de 2011, a Kirin Company golpeou fatalmente a outra parte da família Schincariol adquirindo o restante das ações que estavam em poder de outro grupo da família, que tentava não vender o legado deixado pelo seu antepassado - José Nelson Schincariol, assassinado em 2009 com três tiros na garagem de sua casa. Naquele 2011, o universo das empresas familiares brasileiras perdia uma de suas mais vistosas estrelas.

A Schincariol não passou pelas dificuldades de guerras e catástrofes naturais. Não chegou a percorrer cem anos de história e um de seus grandes desafios extraordinários que impactaram os rumos da gestão se deu em 2005, quando a Receita Federal e a Polícia Federal, durante a “Operação Cevada”, prenderam sócios e gestores da empresa - alguns deles, herdeiros de José Nelson Schincariol. Diversas foram as acusações, dentre elas a de sonegação fiscal.  

A Schin passou a ser Kirin em 2011 e assim permaneceu por, aproximadamente, seis anos. Agora, em 2017, Schin é Heineken, e com a compra da Brasil Kirin, Heineken passa a ser a segunda maior empresa de cerveja no Brasil.


Mas o quê, afinal, essas três empresas têm em comum, além da cerveja? Ora, são todas elas ungidas e atadas pelos complexos, indissolúveis e profundos laços de sangue de seus membros mais importantes - são empresas familiares.



Professora Mônica de Faria Mascarenhas e Lemos
Graduada em Administração pela PUC/RJ. Mestre em Administração pela UFPR. Professora do curso de Administração no UNICURITIBA.
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